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GUERRA POR DIREITOS DE TRANSMISSÃO


Globo e Record protagonizam uma verdadeira guerra por direitos de transmissão de eventos esportivos. O último capítulo desta novela ocorreu no mês passado, quando a discussão do assunto ameaçou até o Clube dos 13, entidade formada por grandes equipes de futebol.

A Globo detinha uma série de vantagens ao disputar os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Uma delas era que sua oferta poderia ser 10% menor à da concorrente, ainda assim venceria a disputa. Record e RedeTV! exigiram o fim desta vantagem para a Globo. O assunto foi parar no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), ligado ao Ministério da Justiça, que considerou a tal cláusula abusiva e aconselhou o Clube dos 13 vetá-la.

Diante da perda da vantagem, a Globo praticamente desistiu de concorrer para obter os direitos de transmissão e alguns times tendo preferência pela cobertura da emissora da família Marinho resolveram protestar, ameaçando abandonar o Clube dos 13, entidade que levou a discussão ao Cade. A discussão foi pouco noticiada pelos canais de televisão, mas foi bastante anunciada em sites e revistas especializadas em imprensa.

HISTÓRICO

A briga começou em 2008, quando a Record ficou indignada por perder o Campeonato Paulista de Futebol, pelo fato da Globo ter sido privilegiada em deter a cobertura, e as Copas do Mundo de 2010 e 2014. Em revanche, o canal da Igreja Universal do Reino de Deus fez uma oferta acima do preço de mercado ao Comitê Olímpico Internacional para obter a exclusividade dos Jogos de 2012, em Londres. Com isso, a emissora da família Marinho ficará de fora pela primeira vez da cobertura de um dos maiores e o mais antigo evento esportivo da história. Para ter os direitos de exclusividade da transmissão das Olimpíadas de 2012, a Record teria pagado 60 milhões de dólares (cerca de 160 milhões de reais).

Além de fazer a cobertura exclusiva dos Jogos Pan-Americanos, em outubro, na cidade de Guadalajara, no México, a Rede Record já comunicou que adquiriu oficialmente os direitos dos Jogos Pan-Americanos de 2015. A Record iniciou seu trabalho de coberturas exclusivas em 2010 com os Jogos de Inverno de Vancouver.

Sites e canais de TV por assinatura negociam com a Record os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, na Inglaterra. A emissora do bispo Edir Macedo analisa as propostas, no entanto, é categórica ao excluir os canais de TV aberta. Como guerra é guerra, isso fez a Globo e a Band anunciarem que praticamente ignorarão o evento em suas coberturas jornalísticas e, obviamente, vão fazer o que puder a partir de agora para deixar a concorrente fora de eventos até menores, como a Copa do Brasil.

A Record está de olho grande nas Olimpíadas de 2012 porque a Globo faturou alto com o evento em 2008, em Pequim, na China, e como as Olimpíadas de Londres serão transmitidas na maior parte das vezes durante os períodos vespertino e noturno, a Record acredita que pode ter bons resultados no Ibope, ao contrário, das Olimpíadas de Pequim, que a maior parte dos jogos foram realizados de madrugada e de manhã, ainda assim, a Globo faturou bem.

DEBATE

O assunto tem despertado debates no meio acadêmico com indagações como: até onde pode uma empresa de comunicação reter os direitos de cobertura de um evento? E o consumidor, como fica nessas jogadas? E o direito a informação que cada cidadão tem não sai prejudicado? São questões ainda sem respostas e que somente em longo prazo as soluções vão emergir, talvez com o desenvolvimento de meios de comunicação mais eficientes e democráticos, por enquanto a internet não consegue a abrangência necessária para suprir essas necessidades.

Maurício Azevedo com informações dos sites portalimprensa, terra e observatório da imprensa.